Chegou a NEWS #43 DO COMIDA! Vem conferir a nossa curadoria de conteúdos sobre sistemas alimentares, dicas de conteúdos e uma receita especial com umbu
Na segunda edição de 2025 trazemos nossa curadoria especial de conteúdos sobre o universo dos sistemas alimentares e um compilado das nossas atividades referente ao mês de fevereiro/25.🌱
📰 O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
COMIDA E CIDADES
Ao longo de quatro anos, o projeto Food Trails conectou 11 cidades europeias na construção de políticas alimentares urbanas sustentáveis e inovadoras. Baseado no compromisso coletivo do Milan Urban Food Policy Pact (MUFPP), o projeto buscou traduzir a governança alimentar em ações concretas, promovendo estratégias locais e Living Labs que testaram soluções inovadoras. Os resultados demonstram que, por meio do engajamento multissetorial e da co-criação com stakeholders, as cidades podem impulsionar mudanças sistêmicas na forma como produzem, distribuem e consomem alimentos, alinhando-se aos princípios da estratégia Food 2030 da UE.
O relatório final do Food Trails detalha os impactos alcançados, incluindo a adoção de políticas alimentares em cidades como Birmingham, Thessaloniki e Tirana, além da criação de ferramentas como o QuickScan Lens for Replication, que facilita a adaptação de políticas por outras cidades. Além disso, os Investors Living Labs exploraram modelos de financiamento para fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, enquanto programas de capacitação ajudaram municípios a estruturarem compras públicas mais alinhadas com metas climáticas e nutricionais. Entre os desafios, o documento aponta a necessidade de maior integração entre diferentes níveis de governança para garantir que inovações locais tenham impacto duradouro.
Os aprendizados do Food Trails reforçam a urgência de políticas alimentares que promovam dietas saudáveis, cadeias produtivas curtas e modelos circulares de consumo. Como legado, o projeto construiu uma base sólida para a replicação de suas iniciativas em outras cidades europeias e além.
COMIDA E CLIMA
O relatório Public Climate Finance for Food Systems Transformation, publicado em novembro de 2024 pela Global Alliance for the Future of Food, analisa os fluxos de financiamento climático público voltados para sistemas alimentares. O estudo foi encomendado ao Climate Focus e destaca lacunas e oportunidades na destinação de recursos para práticas sustentáveis e resilientes no setor alimentar. O documento enfatiza a necessidade de aumentar significativamente os investimentos em agroecologia, segurança alimentar e mitigação das mudanças climáticas.
De acordo com o relatório, atualmente, apenas 2,5% do financiamento climático público é direcionado para sistemas alimentares, sendo que apenas 1,5% desses montantes apoiam práticas sustentáveis. O documento está dividido em três pontos principais: o primeiro analisa os fluxos atuais de financiamento; o segundo detalha como os recursos são alocados;o terceiro propõe estratégias para melhorar o financiamento, incluindo mecanismos de financiamento misto, reformulação de subsídios agrícolas e maior inclusão de pequenos agricultores e comunidades vulneráveis. O estudo destaca que a transformação dos sistemas alimentares é essencial para cumprir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as metas do Acordo de Paris .
Entre as principais recomendações, o relatório sugere que os governos reformulem os subsídios agrícolas para apoiar práticas sustentáveis e que sejam criados novos mecanismos financeiros para facilitar o acesso a pequenos produtores. Reforça também a necessidade de cooperação entre financiadores públicos e privados para ampliar investimentos em segurança alimentar e resiliência climática. O desafio central é reverter a tendência atual e garantir que os sistemas alimentares sejam vistos como parte fundamental das soluções climáticas globais.
COMIDA E CULTURA
A publicação "Soluções Comunitárias Baseadas na Natureza: Adaptação de Territórios Vulneráveis às Mudanças Climáticas", lançada em 2024 pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) em parceria com a Rede Brasileira de Urbanismo Colaborativo, destaca a importância das Soluções Baseadas na Natureza (SbN) como estratégias eficazes de adaptação climática. O documento enfatiza como essas abordagens podem mitigar impactos ambientais, fortalecer a resiliência urbana e promover o bem-estar social, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Além disso, ressalta o papel fundamental das comunidades na implementação dessas soluções, demonstrando que iniciativas locais podem ter impactos transformadores em escala global.
A estrutura do relatório abrange desde conceitos introdutórios até estudos de caso e recomendações práticas. São abordadas intervenções como a criação de espaços verdes urbanos, a gestão sustentável da água e a agricultura urbana, destacando como essas ações podem ser adaptadas às realidades locais. O documento também traz análises de custo-benefício, evidenciando que as SbN são alternativas viáveis tanto ambiental quanto economicamente. Além disso, ressalta a necessidade de articulação entre governos, sociedade civil e setor privado para viabilizar políticas públicas que incentivem e financiem essas iniciativas.
Entre as recomendações, o relatório sugere ações como a criação de hortas comunitárias para fortalecer a segurança alimentar e a realização de oficinas para capacitação de lideranças locais. Também reforça a importância de programas como "Cidades Verdes Resilientes", que incentivam a integração de soluções naturais no planejamento urbano. A conclusão destaca que a adoção das SbN não só contribui para a adaptação climática, mas também melhora significativamente a qualidade de vida nas cidades, tornando-as mais sustentáveis, resilientes e inclusivas.
🤝O QUE ESTAMOS FAZENDO
O projeto PNAE Agroecológico, lançado pelo Instituto Comida do Amanhã em parceria com os Institutos Regenera e Fome Zero, com apoio do Centro de Excelência de Combate à Fome e da Fundação Rockefeller, busca impulsionar a transição da agricultura familiar para práticas agroecológicas no Brasil por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A iniciativa prevê projetos-piloto em quatro cidades, analisando os sistemas alimentares locais e facilitando a aquisição de alimentos agroecológicos para a merenda escolar, além de revisar a regulamentação do PNAE para eliminar barreiras e fortalecer incentivos à agroecologia. O projeto terá duração mínima de quatro anos e visa aumentar a produção sustentável, garantir preços justos aos agricultores e ampliar o acesso a alimentos saudáveis, consolidando políticas públicas que promovam um sistema alimentar mais justo e sustentável.
O Comida do Amanhã agora faz parte da rede global de parceiros do School Meals Coalition, que reúne mais de 140 organizações dedicadas à promoção da alimentação escolar e a intervenções em saúde e nutrição nas escolas. Ao ingressar na rede, o Comida do Amanhã assinou a Declaração de Apoio, reafirmando seu compromisso com os objetivos da iniciativa e sua disposição em contribuir para o fortalecimento dos programas de alimentação escolar ao redor do mundo. Como parte dessa parceria, o Instituto fornecerá conhecimentos técnicos sobre políticas públicas alimentares, atuará no Grupo de Parceiros, um espaço de troca de experiências e boas práticas, e participará de ações de advocacy e comunicação.
No dia 13 de fevereiro, Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã, participou como debatedora-chave do evento Think Food and Climate, organizado pela Cátedra Josué de Castro, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). Juliana representou o terceiro setor no seminário “A transição justa dos sistemas agroalimentares e a COP 30 no contexto de agravamento da crise climática: políticas-chave e sua capacidade de mudar o jogo”, que visou identificar temas e processos de atenção para os próximos meses de preparação para COP 30, que será realizada em Belém neste ano. O seminário também teve como objetivo contribuir para a integração entre o Plano Clima, o Plano Safra, o Plano de Transformação Ecológica e demais políticas governamentais que podem influenciar mudanças no setor.
No dia 18 de fevereiro, Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã, participou do webinar “Participation and Inclusion in Food Systems Governance”, realizado pelo projeto FOODPathS com apoio da União Europeia. Juliana falou sobre o trabalho do Comida do Amanhã, sobre o LUPPA como rede de cidades para políticas alimentares e os níveis dos conselhos de políticas alimentares conforme o modelo brasileiro.
O Comida do Amanhã agora faz parte do Observatório do Clima! Integramos a rede de entidades da sociedade civil que trabalham pela construção de um Brasil descarbonizado, igualitário e sustentável com sistemas alimentares mais saudáveis. Também participamos do encontro anual das organizações que compõem a rede do Observatório para discutir formas de atuação na COP30.
Veja o vídeo sobre a nossa participação no evento aqui:
O artigo "Building a Global Financing Coordination Mechanism for Sustainable School Meals", realizado pelo grupo 17 Rooms com a co-autoria de Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã e membra do grupo na “Room 2”, discute a necessidade de um mecanismo global de coordenação de financiamento para garantir a sustentabilidade dos programas de alimentação escolar. O texto propõe a mobilização de recursos internacionais e a integração da produção agrícola local como metas para garantir refeições escolares sustentáveis para todas as crianças até 2030.
🖊️CONTEÚDOS DO MÊS
O Informe Dhana 2024: "Esperançar e Exigir Direitos", organizado pela FIAN Brasil em parceria com o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), analisa a situação do direito humano à alimentação e à nutrição adequadas no Brasil durante os anos de 2022 a 2024. A publicação destaca os impactos de crises simultâneas, como as mudanças climáticas e a insegurança alimentar, e avalia políticas públicas implementadas no país, propondo caminhos para reconstruir a soberania alimentar.
🔜 O QUE ESTÁ POR VIR
No dia 10 de março será realizado o evento "Feminist Budgeting: Advancing Gender Equity and Strengthening Social Protection" (em português, Orçamento Feminista: Avançando na Equidade de Gênero e Fortalecendo a Proteção Social), paralelo ao Congresso da ONU sobre a Situação das Mulheres (UNCSW) e organizado pela TMG Think Tank for Sustainability. O evento será transmitido via Zoom e terá pauta no papel da orçamentação feminista na redução de desigualdades e no fortalecimento da proteção social. A transmissão será feita aqui.
No dia 25 de março, acontecerá o Nutrition for Growth Summit (em português, Cúpula da Nutrição para o Crescimento), organizado pela Agroecology Coalition. O evento será realizado em formato híbrido na França e abordará a relação entre agroecologia, sistemas alimentares e nutrição, destacando como fortalecer a conexão entre produção de alimentos e dietas adequadas em países de baixa e média renda. Francine Xavier, diretora do Comida do Amanhã, irá representar o Instituto e falar um pouco sobre a transição para sistemas alimentares mais saudáveis, destacando as iniciativas brasileiras planejadas para a COP30.
No dia 25 de março será realizado o webinar “The Brazilian Framework Multi-Level Food Governance: South-South Exchanges on Urban Food Governance” (O Marco Brasileiro de Governança Alimentar Multinível: Trocas Sul-Sul sobre Governança Alimentar Urbana), promovido pela rede de cidades AfriFoodLinks, com apoio da União Europeia e do ICLEI África. Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã, será palestrante no evento e abordará os esforços brasileiros no desenvolvimento de governanças participativas e multinível para os sistemas alimentares. Inscrições podem ser feitas aqui.
🌱 ALIMENTA CIDADES
Fevereiro foi um mês intenso para a Estratégia Alimenta Cidades, com oficinas realizadas em diversas regiões do país. As atividades passaram por Sorocaba (SP), Campinas (SP), Jaboatão dos Guararapes (PE), Petrolina (PE), Palmas (TO), Maringá (PR), Londrina (PR), Porto Alegre (RS), Caxias do Sul (RS) e Belo Horizonte (MG). As atividades incluíram visitas a equipamentos de segurança alimentar, debates sobre políticas públicas alimentares e ações de fortalecimento da agricultura familiar.
A integração entre assistência social, abastecimento e educação alimentar foi um dos principais focos das discussões, evidenciando a importância das cozinhas solidárias, restaurantes populares e bancos de alimentos na garantia do direito à alimentação. Além das visitas técnicas, as oficinas destacaram iniciativas voltadas para a redução do desperdício de alimentos, o incentivo à produção agroecológica e a ampliação do acesso a refeições de qualidade para populações em situação de vulnerabilidade.
💡 DICAS DO MÊS
#PARALER
O Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2025, lançado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), apresenta um panorama detalhado da agricultura familiar no Brasil. A publicação destaca a relevância dos pequenos produtores para o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e a economia do país. A edição deste ano traz análises sobre políticas públicas, crédito rural, cooperativismo e assistência técnica, além de abordar os desafios enfrentados pelo setor, incluindo a adaptação às mudanças climáticas. O material reúne dados atualizados e estratégicos para fortalecer a agricultura familiar e orientar gestores, pesquisadores e agricultores.
#PARAOUVIR
No episódio “Engenho de cana” do podcast MUXIRUM Quilombola, Fran Paula, engenheira agrônoma e conselheira do Comida do Amanhã, fala sobre a relação histórica da agronomia com a colonização, os esforços para a construção de uma agronomia com bases teóricas antirracistas e socialmente justas, e o racismo fundiário ainda predominante no Brasil.
✍️ATUALIZAÇÕES DA EQUIPE
Temos novas colaboradas do Comida do Amanhã, vem conhecer!
Carolina Simiema é Analista de Comunicação no Comida do Amanhã, jornalista com 15 anos de experiência e especialista em Comunicação, Marketing e Multimídia pelo Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG). Goiana morando no Piauí, fundou a primeira iniciativa de jornalismo socioambiental e combate à desinformação na região costeira do estado. Seu alimento favorito é a pamonha.
Haíssa Machado é Estagiária de Políticas Públicas no Comida do Amanhã e estudante de bacharelado em Administração na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Mineira de coração, reside na cidade de Santa Rita do Sapucaí, sul de Minas Gerais. Sua jornada profissional foi moldada pela paixão por gestão, projetos e impacto social, com entusiasmo no trabalho em políticas públicas. Seu alimento favorito é o Café.
Lara Buhaten é Estagiária de Comunicação e Conteúdo Gráfico no Comida do Amanhã. Natural de São Luís do Maranhão, estuda Design na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), é ilustradora e participa do grupo de pesquisa Design, Interdisciplinaridade, Cultura e Arte (DiCA), onde estuda manifestações populares e questões socioculturais. Seu alimento favorito é o kibe cru.
🍴RECEITA DO MÊS
Umbuzada - receita Neide Rigo
Ingredientes:
1 ou ½ xic de polpa de umbu
1 xic de leite
Açúcar a gosto
Modo de preparo:
Escolha frutos maduros e passe por peneira grossa, separando a pele e as sementes. Se não tiver frutos maduros, cozinhe em água frutos verdes e passe por peneira.
Junte a polpa ao leite, aos poucos, mexendo, até talhar (ponha mais ou menos polpa se preferir a coalhada mais ou menos ácida).
Adoce a gosto e sirva. Se preferir, deixe na geladeira um pouco para que a umbuzada fique mais consistente.
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