Chegou a NEWS #45 DO COMIDA! Vem conferir a nossa curadoria de conteúdos sobre sistemas alimentares, dicas de conteúdos e uma receita especial com cará
Na quarta edição de 2025 trazemos nossa curadoria especial de conteúdos sobre o universo dos sistemas alimentares e um compilado das nossas atividades referente ao mês de abril/25.🌱
📰 O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
COMIDA E CIDADES
The CityFood Market Handbook for Healthy and Resilient Cities é um guia prático publicado em 2025 pelo ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, com apoio financeiro do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), GIZ, GAIN e World Farmers Markets Coalition. O relatório integra o projeto “Fortalecimento de mercados locais de alimentos frescos para ambientes alimentares mais saudáveis dentro dos limites planetários”.
Em um contexto de urbanização acelerada, insegurança alimentar crescente e impactos das mudanças climáticas, os mercados de alimentos emergem como pontos estratégicos para a transformação dos sistemas alimentares urbanos. O relatório oferece um panorama sobre como cidades ao redor do mundo estão revalorizando mercados locais como ferramentas para garantir acesso a alimentos saudáveis, fortalecer meios de vida e promover ambientes alimentares resilientes. A publicação articula suas diretrizes com metas globais como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (especialmente os ODS 2, 11 e 12), buscando apoiar governos locais a estruturarem políticas públicas integradas para a segurança alimentar urbana.
O manual está organizado em quatro pilares centrais: políticas e governança; infraestrutura de mercados; financiamento e incentivos; e capacitação e conscientização. Através de 16 estudos de caso internacionais — incluindo Recife e Curitiba, no Brasil —, o documento apresenta estratégias adaptáveis para cidades de diferentes tamanhos e contextos. Um dos destaques é o “CityFood Market Action Framework”, uma estrutura de ação que orienta o planejamento e a execução de intervenções em mercados urbanos, considerando desde a inclusão social até soluções inovadoras como mercados móveis, plataformas digitais e integração com agricultura urbana. Ao final, recomendações práticas são acompanhadas de exemplos inspiradores que demonstram o potencial dos mercados como agentes de transformação justa e sustentável. Acesse o relatório completo aqui.
COMIDA E CLIMA
Gases de efeito estufa em cadeias alimentares curtas, médias e longas: uma análise comparativa do food miles de uma cesta de alimentos para o Brasil a partir dos dados do PROHORT/Ceasas é uma publicação científica lançada em 2024. O relatório é fruto do projeto INTERFACES, coordenado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento (GEPAD/UFRGS), com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), da Faculdade de Ciências Econômicas e do Centro Interdisciplinar em Sociedade, Ambiente e Desenvolvimento (CISADE). A pesquisa analisa, sob a ótica do ciclo de vida, as emissões de CO₂ associadas ao transporte (food miles) de cinco alimentos - quais alimentos - em diferentes tipos de cadeias de abastecimento no Brasil.
Diante dos desafios globais das mudanças climáticas e da busca por sistemas alimentares mais sustentáveis, o estudo parte da premissa de que o transporte de alimentos é um elo crítico na geração de gases de efeito estufa. O relatório investiga cadeias curtas, médias e longas de abastecimento a partir de dados do PROHORT/Ceasas, com foco na CEAGESP-SP como principal entreposto. A análise mostra que cadeias curtas – caracterizadas pela proximidade espacial e social entre produtores e consumidores – emitem significativamente menos CO₂ que as médias e longas, contrariando parte da literatura internacional, já que embora as cadeias curtas sejam muitas vezes associadas à sustentabilidade, parte da literatura internacional mostra que, em vários contextos, elas podem emitir igual ou até mais CO₂ do que cadeias longas, principalmente devido ao deslocamento individual dos consumidores e à ineficiência logística. A agenda proposta está em diálogo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente os ODS 12 (consumo e produção responsáveis) e ODS 13 (ação contra a mudança global do clima).
Dividido em oito seções principais, o relatório inicia com uma revisão sobre cadeias curtas e mudanças climáticas, seguida por uma sistematização dos métodos de contabilização de GEE (com destaque para a Avaliação do Ciclo de Vida), e detalha a metodologia da pesquisa com base em entrevistas e dados de comercialização dos alimentos da CEAGESP, CEASA-RJ e CEASA-Belém. As análises comparativas revelam que a cadeia curta emite, em média, 93,09 g de CO₂ por tonelada de alimento, enquanto a média chega a 391,84 g e a longa a 1.434,98 g. O estudo oferece recomendações como a descentralização do sistema Ceasas, incentivo à produção e consumo local, e aprimoramento da logística alimentar para reduzir as emissões. O relatório propõe novas estratégias de políticas públicas voltadas à transição energética e à sustentabilidade nos sistemas alimentares brasileiros. Acesse o relatório completo aqui.
COMIDA E CULTURA
Mapeamento dos Desertos e Pântanos Alimentares: principais achados é um relatório publicado em 2024 pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), por meio da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), em parceria com o Grupo de Políticas Públicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq). A publicação faz parte do Projeto de Cooperação Técnica IICA/BRA/17/001 e sustenta a Estratégia Alimenta Cidades, estabelecida pelos Decretos nº 11.820 e nº 11.822 de 2023.
O relatório apresenta uma atualização metodológica importante sobre o mapeamento de desertos e pântanos alimentares ao agregar critérios de renda e vulnerabilidade territorial, a análise busca orientar políticas públicas mais precisas e inclusivas.
Aqui, os desertos alimentares são áreas onde o acesso a alimentos frescos e saudáveis é escasso ou inexistente, enquanto os pântanos alimentares são territórios dominados por estabelecimentos que vendem majoritariamente produtos ultraprocessados e de baixa qualidade nutricional.
Em 91 municípios com mais de 300 mil habitantes, os dados mostram que 25 milhões de pessoas — um terço da população dessas cidades — vivem em desertos alimentares, e cerca de 15 milhões em pântanos alimentares. Entre os mais afetados, estão 6,7 milhões de pessoas de baixa renda e 4,7 milhões em situação de pobreza. A iniciativa dialoga diretamente com os ODS 2 (Fome Zero), 10 (Redução das Desigualdades) e 11 (Cidades Sustentáveis).
O relatório detalha a metodologia em dois eixos: análise da densidade de estabelecimentos de alimentos saudáveis e ultraprocessados em todo o Brasil, e mapeamento intraurbano dos desertos e pântanos nas 91 maiores cidades. Utilizando dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e mapas hexagonais de 1 km², foram criados sete mapas por município, revelando, por exemplo, que o Norte concentra 69,6% dos municípios com baixa densidade de estabelecimentos saudáveis. Já o Sudeste, embora concentre a maior população em desertos e pântanos alimentares, também lidera em densidade de estabelecimentos não saudáveis. A publicação recomenda priorizar políticas como agricultura urbana, feiras, equipamentos de segurança alimentar e a regulação de ultraprocessados em espaços públicos. A Plataforma Alimenta Cidades disponibiliza os mapas e dados para apoiar gestores públicos e sociedade civil. Acesse o relatório aqui.
🤝O QUE ESTAMOS FAZENDO
Nos dias 8 e 9 de abril, Francine Xavier, diretora do Comida do Amanhã, representou o Instituto nas oficinas do Plano Clima: Mitigação, realizadas em Brasília pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Francine integrou a oficina de diálogo com a sociedade civil, que discutiu estratégias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em setores como agricultura, pecuária e uso da terra.
No dia 10 de abril, Francine Xavier, diretora do Comida do Amanhã, participou do South Summit Brazil, realizado em Porto Alegre (RS). Francine integrou a mesa “Sistemas Alimentares Sustentáveis: Conectando Setores e Criando Valor” com Cássio Trogildo, Rodrigo Corradi e Roger Klafke, e o painel abordou ações sustentáveis adotadas na produção de alimentos e a construção de políticas alimentares integradas.
No dia 14 de abril, Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã, participou da Oficina de Trabalho sobre o Marco de Referência de Sistemas Alimentares e Clima para Políticas, organizada pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN/MDS), em parceria com o Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (OPSAN) e o Instituto Clima e Sociedade. O evento discutiu a elaboração de um documento orientador para fortalecer políticas públicas que promovam sistemas alimentares sustentáveis e resilientes frente às mudanças climáticas, fundamentados no Direito Humano à Alimentação Adequada e na Justiça Climática.
O Comida do Amanhã integrou a iniciativa 17 Rooms! Em 2024, Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã, foi convidada a participar da rede global criada pela Brookings Institution e Fundação Rockefeller para acelerar o progresso em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU até 2030. Juliana integrou a Room 2, focada no ODS sobre Fome Zero e Agricultura Sustentável, e o grupo trabalhou com base em uma Big Idea (em português, Grande Ideia): alimentar mais 100 a 250 milhões de crianças até 2030, por meio de refeições escolares saudáveis, locais e sustentáveis. O objetivo foi complementar o trabalho da rede global de parceiros do School Meals Coalition (em português, Coalizão da Alimentação Escolar), da qual o Comida do Amanhã também faz parte.
No dia 23 de abril, Emile Gomes, coordenadora de comunicação do Comida do Amanhã, participou do Encontro de Comunicadores promovido pelo Observatório do Clima em São Paulo. Na ocasião, comunicadores das organizações que compõem o Observatório se reuniram para discutir estratégias de fortalecimento da pauta socioambiental no Brasil e as estratégias para a COP30.
No dia 11 de abril, Mónica Rocha, co-fundadora do Comida do Amanhã, cedeu entrevista ao jornal Brasil 247 sobre o impacto da crise climática na alimentação e na sustentabilidade dos sistemas alimentares. Durante a conversa, Mónica falou sobre o trabalho do Comida do Amanhã e a importância de ações estruturais na produção, distribuição e consumo de alimentos.
No dia 30 de abril, Juliana Tângari, diretora do Instituto Comida do Amanhã, participou da Regenerative Learning Session, organizada pela equipe de alimentos da Fundação Rockefeller, em parceria com o Programa Mundial de Alimentos (WFP). O evento discutiu evidências para a expansão de programas de alimentação escolar com base em práticas regenerativas, com destaque para a atuação do Instituto em políticas públicas de alimentação, compras institucionais e o trabalho com a iniciativa PNAE Agroecológico, que visa promover a agroecologia nas escolas.
Francine Xavier, diretora do Comida do Amanhã, foi a entrevistada do episódio “Sistemas alimentares, crise climática e COP30”, do podcast Entrando no Clima, produzido pelo jornal ((o))eco. A conversa abordou a relação entre as mudanças climáticas e a produção de alimentos, os Sistemas Alimentares Sustentáveis (SAS) e a relação da alimentação com a Conferência do Clima da ONU.
Ouça o episódio completo:
No dia 28 de abril foi realizada a primeira reunião do programa PNAE Agroecológico, em São José dos Pinhais (PR). O encontro reuniu gestores municipais e agricultores locais para discutir dados sobre os sistemas alimentares do município, além de refletir sobre os desafios e as potencialidades da alimentação escolar. A iniciativa tem como objetivo desenvolver estratégias para a inclusão de produtos agroecológicos nas merendas escolares, promovendo a inclusão social e impulsionando o desenvolvimento sustentável por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
🖊️CONTEÚDOS DO MÊS
Neste mês, lançamos a nova série de publicações do Comida do Amanhã: “Da Merenda ao Futuro”. A produção foca na trajetória da alimentação escolar no Brasil e conecta histórias reais, dados relevantes e desafios na transformação da merenda como direito garantido por lei. A série já tem três episódios e o primeiro post fez uma análise histórica para entender como o direito à merenda escolar foi conquistado, desde iniciativas emergenciais até políticas públicas robustas.
🔜 O QUE ESTÁ POR VIR
O LUPPA LAB #4 está chegando! A oficina presencial do LUPPA acontece dos dias 19 a 23 de maio em Barcarena (PA). O LAB é um encontro presencial exclusivo para os gestores municipais das cidades LUPPA que terão a oportunidade de mergulhar nas agendas da alimentação urbana, trocar informações e experiências entre si e aprofundar seus conhecimentos metodológicos sobre os sistemas alimentares, fortalecendo sua atuação local.
Nos dias 27 a 29 de maio acontecerá a 5ª Conferência Global do Programa de Sistemas Alimentares Sustentáveis (SFS) da One Planet Network, realizada pelo Governo do Brasil, pelo Programa SFS e pelo Hub de Coordenação dos Sistemas Alimentares da ONU. Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã, participará como palestrante presencial no workshop “Addressing trade-offs & promoting co-benefits” (em português, Enfrentando os dilemas e promovendo benefícios conjuntos), que ocorrerá no dia 27. O evento tem como objetivos promover uma colaboração intersetorial para enfrentar os desafios para a transformação dos sistemas alimentares e inspirar ações transformadoras.
🌱 ALIMENTA CIDADES
No dia 29 de abril, a Estratégia Alimenta Cidades alcançou um marco importante: 51 oficinas presenciais realizadas em todas as regiões do Brasil. Os encontros mais recentes aconteceram em Vitória da Conquista (BA) e Franca (SP), completando esse ciclo coletivo de escuta e construção com os territórios. Agora, restam apenas nove oficinas para concluir esta etapa de análise dos diagnósticos situacionais, que orientarão os próximos passos da Estratégia.
Neste mês, a equipe técnica, composta por representantes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e do Instituto Comida do Amanhã, parceiro implementador, também esteve nas cidades de Santarém (PA), Brasília (DF), Ribeirão Preto (SP), Macapá (AP), São Paulo (SP), Salvador (BA), Guarulhos (SP), Paulista (PE), Florianópolis (SC), Teresina (PI), Olinda (PE), Rio Branco (AC), Caucaia (CE), Juiz de Fora (MG), Maceió (AL) e Fortaleza (CE). Em cada cidade, uma certeza se reafirma: garantir o direito à alimentação exige mais do que servir refeições. É preciso integrar ações que envolvam produção, educação, meio ambiente e dignidade.
Entre os destaque, as hortas têm assumido um papel central no enfrentamento da fome. Presentes em escolas, unidades de saúde, cozinhas comunitárias e equipamentos da assistência social, elas fortalecem a agricultura local e criam oportunidades de aprendizado, renda e convivência. Mais do que produzir alimentos, as hortas criam redes de cuidado, transformam espaços ociosos em vida e reforçam a soberania alimentar das comunidades.
💡 DICAS DO MÊS
#PARAOUVIR
O episódio “Comida mais cara e alimento fake na prateleira”, do podcast Café da Manhã, mostra dados preocupantes: com a inflação, 67% dos brasileiros mais pobres reduziram a quantidade de alimentos que costumam comprar. Adriana Salay, pesquisadora do INCT Combate à Fome e entrevistada do episódio, explica o impacto da alta nos preços nos hábitos alimentares brasileiros.
🍴RECEITA DO MÊS
Pãozinho de cará com polvilho (Livro Amazônia à mesa - página 86)
Ingredientes:
250 g de cará branco ou roxo, cru, descascado, picado
125 g de polvilho de mandioca azedo
125 g de polvilho de mandioca doce
1 colher (chá) de sal (3 g)
1 colher (sopa) de açúcar (12 g)
2 ovos
¼ de xícara de óleo (60 ml)
Fubá de milho para polvilhar
Modo de preparo:
Cozinhe o cará em água até que fique bem macio.
Numa tigela, misture os polvilhos peneirados com o sal e o açúcar.
Esprema por cima o cará bem quente (passe-o em espremedor de batatas diretamente sobre o polvilho, para escaldar).
Misture bem com um garfo, fazendo uma farofa úmida.
Assim que amornar, amasse bem com as mãos.
Junte os ovos batidos com o óleo, aos poucos, e continue mexendo.
Se preferir, use a batedeira, pois deve formar uma massa meio grudenta – uma colher de pau também resolve.
Divida a massa em 15 porções e, com as mãos passadas em óleo, modele bolinhas.
Passe em fubá de milho e coloque-as na assadeira, sem untar.
Leve ao forno pré-aquecido em temperatura alta.
Deixe até que cresçam e dourem (cerca de 30 minutos).
Na hora de servir, se quiser, faça sanduíche com queijo fresco.
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