Chegou a NEWS #46 DO COMIDA! Vem conferir a nossa curadoria de conteúdos sobre sistemas alimentares, dicas de conteúdos e uma receita especial com limão cravo
Na quinta edição de 2025 trazemos nossa curadoria especial de conteúdos sobre o universo dos sistemas alimentares e um compilado das nossas atividades referente ao mês de maio/25.🌱
📰 O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
COMIDA E CIDADES
Publicado em 2025, o relatório The CityFood Market Handbook for Healthy and Resilient Cities foi desenvolvido pelo ICLEI – Local Governments for Sustainability, em parceria com a GAIN (Global Alliance for Improved Nutrition), a World Farmers Markets Coalition e apoio técnico e financeiro da GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit) e do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ). A publicação é fruto do projeto “Fortalecimento de mercados locais de alimentos frescos para ambientes alimentares saudáveis dentro dos limites planetários” e se propõe a orientar governos locais na transformação de mercados alimentares urbanos em espaços de saúde, inclusão e sustentabilidade. Ao integrar as agendas de segurança alimentar, justiça social e ação climática, o relatório contribui diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente os ODS 2 (Fome Zero), 11 (Cidades Sustentáveis) e 12 (Consumo e Produção Responsáveis).
O guia está estruturado em torno do “CityFood Market Action Framework”, composto por quatro pilares: (1) Políticas e Governança, (2) Infraestrutura de Mercado, (3) Financiamento e Incentivos, e (4) Capacitação e Sensibilização. Cada um desses eixos é ilustrado com estratégias práticas e lições aprendidas de 16 cidades ao redor do mundo, como Curitiba, Recife, Baltimore, Lilongwe e Lusaka. O manual também apresenta uma metodologia detalhada de avaliação participativa de mercados locais, a partir das experiências em Zâmbia e Malawi, e destaca ferramentas como o índice intitulado “Market Investment Readiness Index”, que auxilia governos a identificar prioridades e planejar intervenções eficazes. Propõe uma análise multidimensional que inclui desde infraestrutura física e governança até mecanismos digitais de gestão e inovação para reduzir perdas e desperdícios.
Mais do que um repositório de boas práticas, o CityFood Market Handbook é um chamado à ação. Reforça que os mercados de alimentos não são apenas pontos de compra e venda, mas verdadeiros ecossistemas urbanos que conectam produtores, consumidores, gestores públicos e políticas alimentares. Os exemplos apresentados revelam que a transformação dos mercados é viável quando há planejamento integrado, participação social e investimento estratégico. Com orientações claras para governos locais, o relatório oferece um roteiro inspirador para transformar os mercados em motores da resiliência alimentar urbana.
COMIDA E CLIMA
O relatório “Principles for an Inclusive and Sustainable Global Economy: A Discussion Paper for the G20”, publicado em abril de 2025 pela professora Mariana Mazzucato, assessora técnica da Presidência do G20 da África do Sul, propõe uma profunda reestruturação da governança econômica global. No contexto do primeiro G20 realizado no continente africano, e diante de múltiplas crises climática, geopolítica, desigualdades sociais e fragmentação institucional, o documento convoca os países a uma ação coordenada e ambiciosa, articulando propostas ao redor dos temas de solidariedade, igualdade e sustentabilidade. O relatório está fortemente alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e integra os debates centrais do ano, como a COP 30 na Amazônia e a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento em Sevilha.
Dividido em quatro princípios interdependentes, o relatório propõe: (I) moldar a economia colocando os objetivos climáticos e de desenvolvimento no centro das políticas industriais, onde trata também da segurança alimentar e nutricional; (II) alinhar a política macroeconômica com o propósito público, por meio de reformas fiscais e do fortalecimento dos bancos públicos de desenvolvimento; (III) reconstruir Estados capazes, ágeis e estratégicos, que liderem processos de inovação e parcerias público-privadas com repartição de riscos e benefícios; e (IV) colaborar para a equidade global, estabelecendo coalizões inclusivas e um novo mecanismo internacional para coordenar políticas industriais e financiamento de longo prazo. Cada princípio é detalhado com recomendações concretas que combinam instrumentos econômicos, financeiros, legais e institucionais.
A proposta apresentada rejeita reformas graduais e pontuais e defende uma mudança estrutural, com ênfase em modelos de desenvolvimento que fortaleçam capacidades nacionais, combatam desigualdades históricas e reorientem o financiamento global para fins públicos. O relatório cita iniciativas que propõem uma convergência entre agendas climática, tributária, produtiva e social, tais como como a Bridgetown Initiative, o BEPS (Base Erosion and Profit Shifting) e as Parcerias para Transições Energéticas Justas. Com base nessa visão, a Cúpula do G20 em Joanesburgo poderá marcar um ponto de inflexão, estabelecendo novos parâmetros para um multilateralismo funcional e comprometido com a justiça global.
COMIDA E CULTURA
O relatório Education and Nutrition: Learn to Eat Well, publicado em 2025 pela UNESCO em parceria com a London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), integra a série de Relatórios Globais de Monitoramento da Educação e explora as profundas interconexões entre educação e nutrição. Em um contexto marcado por crescentes crises alimentares, mudanças climáticas e desafios de saúde pública, o documento destaca como a educação pode ser uma ferramenta estratégica para combater a desnutrição, promover dietas saudáveis e sustentar sistemas alimentares mais justos e sustentáveis. Alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (principalmente o ODS 2 – Fome Zero e o ODS 4 – Educação de Qualidade), o relatório reforça a importância de abordagens integradas e ao longo do ciclo de vida, centradas especialmente nos ambientes escolares.
O relatório está organizado em seções que exploram como a nutrição afeta o desempenho escolar, como a educação melhora os resultados nutricionais e de que forma os programas de alimentação escolar impactam o desenvolvimento cognitivo e o acesso à educação. Com uma abordagem baseada em evidências, o documento apresenta análises sobre políticas de alimentação escolar em diferentes países, incluindo o Brasil, estudos de caso sobre intervenções eficazes e dados sobre os impactos da insegurança alimentar na aprendizagem. É dado destaque à importância da alimentação adequada nos primeiros mil dias de vida, à relação entre o nível educacional das mães e o estado nutricional das crianças, e ao papel da educação formal e informal no fortalecimento das capacidades profissionais em nutrição e agricultura sustentável.
Entre as principais recomendações, o relatório propõe o fortalecimento da educação nutricional nos currículos escolares, a expansão de programas universais de alimentação escolar com critérios nutricionais de qualidade e o investimento em monitoramento eficaz das políticas implementadas. Iniciativas como o programa Alive & Thrive em Bangladesh, o PM-POSHAN na Índia, o Ka Ora, Ka Ako na Nova Zelândia e o Programa Nacional de Alimentação Escolar no Brasil ilustram os benefícios de intervenções integradas e duradouras. Ao destacar que mais de 459 milhões de crianças recebem refeições escolares no mundo, o relatório mostra que investir em nutrição é investir em aprendizado, saúde e equidade.
🤝O QUE ESTAMOS FAZENDO
Barcarena (PA) recebeu, entre os dias 19 e 23 de maio, a quarta e maior edição do LUPPA LAB. Pela primeira vez em um município amazônico, o evento reuniu mais de 100 gestores municipais de todas as regiões do Brasil para discutir e desenvolver estratégias locais de segurança alimentar. Durante cinco dias, os participantes trocaram experiências, participaram de oficinas, visitas de campo e atividades formativas voltadas à construção de políticas públicas que promovam sistemas alimentares mais justos, sustentáveis e saudáveis.
Veja o vídeo da abertura do evento aqui:
Francine Xavier, diretora do Comida do Amanhã, foi entrevistada no episódio “Sistemas alimentares, crise climática e COP30”, do podcast Entrando no Clima, produzido pelo jornal ((o))eco. Em um trecho da conversa, Francine destacou o papel central dos hábitos e modelos de produção de alimentos tanto na geração quanto no agravamento da crise climática: ela aponta que os sistemas alimentares são responsáveis por uma parcela significativa das emissões globais de gases de efeito estufa, citando o contexto brasileiro.
Ouça o episódio completo:
As reuniões do PNAE Agroecológico já começaram! O programa passou por diferentes regiões do país, mobilizando gestores públicos e agricultores em torno da agroecologia e da alimentação escolar. A jornada começou no dia 28 de abril, com a primeira reunião realizada em São José dos Pinhais (PR). Em maio, o projeto seguiu para o Sul e o Norte do Brasil: no dia 8, foi a vez do grupo do Rio Grande do Sul receber o encontro, reunindo representantes de Antônio Prado, Ipê, Montenegro, Porto Alegre e Caxias do Sul. Já no dia 16, a atividade chegou ao grupo do Pará: Barcarena (PA) sediou a reunião com a presença de gestores e produtores de Abaetetuba, Benevides, Marituba e da própria cidade. A próxima reunião está marcada para o dia 3 de junho em Caruaru (PE).
Mónica Guerra, cofundadora do Comida do Amanhã, foi entrevistada no episódio “Comida e Mudanças Climáticas”, do programa Brasil Sustentável, produzido pelo canal de jornalismo Brasil 247. Durante a conversa, Mónica falou sobre o trabalho do Comida do Amanhã e a importância de ações estruturais na produção, distribuição e consumo de alimentos, destacando que os sistemas alimentares exigem olhar para todo o conjunto de relações que determina o que se produz, como se distribui e quem pode comer.
Veja a entrevista aqui:
O PNAE Agroecológico conta com uma nova ajuda na promoção da transição agroecológica: agora o programa conta com um grupo de articulação com 19 municípios de diferentes regiões do país. O grupo reúne cidades selecionadas no programa e outras que, mesmo não contempladas na primeira etapa, demonstraram interesse em participar. O primeiro diálogo foi realizado no dia 24 de abril e o objetivo é construir um espaço contínuo de troca de experiências, articulação entre gestores públicos e fortalecimento das ações locais em torno da agroecologia, além de mobilizar os mais de 40 municípios inscritos na primeira etapa do projeto.
Nos dias 27 a 29 de maio aconteceu a 5ª Conferência Global do Programa de Sistemas Alimentares Sustentáveis (SFS) da One Planet Network, realizada pelo Governo do Brasil, pelo Programa SFS e pelo Hub de Coordenação dos Sistemas Alimentares da ONU. Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã, participou no dia 27 como palestrante presencial no workshop “Addressing trade-offs & promoting co-benefits” (em português, “Enfrentando os dilemas e promovendo benefícios conjuntos”). O evento teve como objetivos promover uma colaboração intersetorial para enfrentar os desafios para a transformação dos sistemas alimentares e inspirar ações transformadoras.
Alexandre Ramos, gerente de projetos do Comida do Amanhã, foi o entrevistado do episódio “Recife é um deserto?”, do podcast Comida de Verdade, produzido pelo Centro Sabiá. A conversa abordou o tema dos desertos alimentares — territórios marcados pela predominância de alimentos ultraprocessados ou pela dificuldade de acesso a alimentos saudáveis — e analisou o contexto de Recife (PE) e suas políticas alimentares.
Ouça o episódio completo no Spotify:
🖊️CONTEÚDOS DO MÊS
O site do G20 sobre sistemas alimentares está de cara nova! A nova versão reúne informações sobre os eventos realizados, os conteúdos produzidos e a atuação do Comida do Amanhã e da Cátedra Josué de Castro nos grupos de engajamento Civil 20 (C20) e Think 20 (T20), com foco na centralidade dos sistemas alimentares nas agendas globais. A plataforma também destaca as trilhas, forças-tarefas e grupos de engajamento em que o tema tem ganhado protagonismo, além de apontar os próximos passos sob a presidência da África do Sul.
No Dia Internacional da Biodiversidade, 22 de maio, o “Na Mesa da COP30”, chamou atenção para a monotonia alimentar: segundo a FAO (ONU), apenas 15 plantas contribuem para a alimentação de 90% da população mundial. A iniciativa destacou a importância da diversidade no prato nas discussões da COP30. Também em maio, mês das mães, homenageou Maria do Socorro, agricultora ribeirinha de Barcarena (PA), que criou seus cinco filhos com o fruto da terra e sonha ver o açaí, símbolo da Amazônia, na mesa da conferência.
Veja a publicação do Dia Internacional da Biodiversidade aqui:
E a publicação sobre a Maria do Socorro no link:
🔜 O QUE ESTÁ POR VIR
03/06: A próxima reunião do projeto PNAE Agroecológico está marcada para o dia 3 de junho em Caruaru (PE). A cidade está entre as selecionadas que receberão assessoria e suporte para desenvolver diagnósticos sobre seus sistemas alimentares. O projeto tem como objetivo, além de criar estratégias para a inclusão de produtos agroecológicos nas merendas escolares, promover a inclusão social e fomentar o desenvolvimento sustentável.
5 e 6/06 - conferência internacional Tarifa Zero: Mónica Guerra, co-fundadora do Instituto Comida do Amanhã, participará da primeira Conferência Internacional sobre Tarifa Zero, que acontece nos dias 5 e 6 de junho em Mariana (MG). A convite do Laboratório de Vida Ativa (LaVA/UERJ), Mónica abordará a relação entre a mobilidade urbana e a segurança alimentar na palestra “Flores no deserto! O potencial da Tarifa Zero no enfrentamento da insegurança alimentar”. O evento reunirá pesquisadores nacionais e internacionais, representantes da sociedade civil e gestores públicos para debater os impactos da política de Tarifa Zero no transporte coletivo e sua interface com a saúde pública.
🌱 ALIMENTA CIDADES
Desde novembro de 2024, a Estratégia tem percorrido o Brasil em um movimento que escuta saberes locais, aproxima realidades e fortalece a construção coletiva de políticas públicas para garantir segurança e soberania alimentar. Até o fim de maio, foram realizadas 57 oficinas em municípios de todas as regiões do país. Os encontros revelaram a força das redes locais e reforçaram a urgência de garantir, para todas as pessoas, o direito humano à alimentação. Mais do que debates técnicos, cada oficina se transformou em espaço de escuta qualificada, trocas de experiências e articulação entre diferentes setores.
Com base nas experiências vividas em cada oficina, os municípios estão desenhando suas próprias rotas de implementação. São planos de ação moldados pelas realidades locais e construídos de forma colaborativa, que orientam políticas públicas intersetoriais voltadas à alimentação saudável, valorização da agricultura familiar, combate às desigualdades e respeito às culturas alimentares. A força desse processo está na forma como os territórios se apropriam das propostas, reinterpretam diretrizes e transformam ideias inovadoras em ação.
💡 DICAS DO MÊS
#PARALER
Na reportagem em quadrinhos “Vocês, cutias, são as nossas jardineiras’, diz castanheira-do-pará”, do jornal Sumaúma, uma cutia e uma velha castanheira conversam sobre os desafios enfrentados por animais, plantas e humanos diante da crise climática em Terra do Meio (PA). Os impactos atingem a todos: a árvore já não dá frutos por causa das altas temperaturas; como consequência, os humanos perdem o sustento, e as cutias — que ajudam a plantar novas castanheiras ao enterrar suas castanhas — ficam sem alimento.
#PARALER
O Observatório do Clima lançou a Central da COP, uma iniciativa que visa tornar as discussões sobre mudanças climáticas mais acessíveis e envolventes para o público brasileiro. Utilizando a linguagem e a paixão nacional pelo futebol, o site apresenta informações sobre cada edição da Conferência das Partes (COP) de maneira didática e descontraída. Com conteúdos que vão desde análises das negociações climáticas até campanhas educativas em eventos esportivos, como a final do Campeonato Paraense de Futebol, a Central da COP busca engajar a sociedade na agenda climática de forma inovadora e culturalmente relevante.
🍴RECEITA DO MÊS
Macarrão ao limão cravo
Ingredientes:
100 g de macarrão espaguete (ou outra massa longa de grano duro)
raspas de 1 limão cravo
1 colher (chá) de caldo de limão
3 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado fino
2 colheres (sopa) de azeite Andorinha
sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
raspas de limão a gosto para servir
Modo de preparo:
Leve uma panela média com 2 litros de água ao fogo alto. Quando ferver, misture 2 colheres (chá) de sal, acrescente o macarrão e deixe cozinhar pelo tempo indicado na embalagem ou até ficar al dente. Enquanto o macarrão cozinha, prepare o molho.
Numa tigela grande, junte as raspas e o caldo de limão cravo, o azeite e o parmesão ralado. Tempere com pimenta-do-reino a gosto e mexa bem com um garfo (ou batedor de arame pequeno) para desmanchar o parmesão e emulsionar os ingredientes.
Assim que estiver cozido, reserve ½ xícara (chá) da água do cozimento e escorra o macarrão numa peneira. Transfira o macarrão ainda quente para a tigela com o molho de limão cravo e misture bem.
Vá acrescentando aos poucos a água do cozimento reservada, misturando delicadamente a cada adição, para deixar o molho fluido e cremoso. Atenção: não coloque toda a água de uma só vez, para o molho não ficar aguado. Sirva a seguir com mais raspas de limão a gosto.
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